Pancreatite Aguda

24/04/2012 09:33

 

    É uma doença inflamatória do pâncreas, caracterizada por um episódio discreto de dor abdominal e elevação dos níveis séricos de amilase e lipase, e que após serem corrigidos os desarranjos que precipitaram o ataque ocorre uma completa restituição do pâncreas em níveis morfológicos e funcionais. A incidência da pancreatite aguda é de 1 a 5 casos por 10 mil habitantes.

    Pode ser classificada em: pancreatite intersticial aguda e pancreatite hemorrágica aguda, sendo esta associada a morbidade e mortalidade mais altas.

    O alcoolismo e a doença do trato biliar são as principais causas de pancreatite aguda, correspondendo a mais de 70% dos casos. As outras etiologias são raras e outras são desconhecidas.

    A pancreatite induzida pelo álcool ocorre em 5 a 10% dos indivíduos que consomem grandes quantidades de bebida alcoolica durante 5 a 10 anos. Esta percentagem sugere que fatores adicionais como tabagismo e o consumo de gorduras, podem afetar a susceptibilidade do indivíduo a doença. Diversos mecanismos podem contribuir para este quadro: espasmo anormal do esfincter de Oddi em presença de secreção pancreática aumentada; obstrução dos pequenos ductulos por tampões proteináceos; e os efeitos tóxicos diretos dos produtos metabólicos do álcool. Este pode também aumentar as quantidades de proteases potencialmente lesivas nas secreções pancreáticas.

    A frequência de pancreatite aguda é inversamente proporcional ao tamanho dos cálculos biliares. A persistência destes no ducto biliar ou na ampola está associada a formas mais graves. Um cálculo biliar impactado pode permitir o refluxo da bile para o ducto pancreático ou ocluir o orifício do ducto. Microlitíase (cristais na bile) pode causar pancreatite recorrente, embora o mecanismo não tenha sido esclarecido.

    Pouco se sabe sobre a fisiopatologia. Entretanto, a ativação de enzimas digestivas e a autodigestão parecem ser o mecanismo fundamental. Álcool, medicamentos e agentes infecciosos lesionam as células acinares. O acetaldeído, metabólito tóxico do álcool, pode alncaçar esse órgão e causar a ativação prematura das enzimas pancreáticas no interior das células acinares. Em modelos experimentais, a hiperestimulação do pâncreas pode resultar na fusão de lisossomos e zimogênios no interior de grandes vacúolos, seguida pela ativação de enzimas e por lesão intracelular aguda. A catepsina B é uma enzima lipossômica capaz de ativar a conversão de tripsinogênio em tripsina. Esta ativa outras enzimas.

    O quadro clínico caracteriza-se por dor abdominal, náusea e vômito. A dor geralmente vem primeiro e mantém-se contasnte, localizada na região epigástrica e irradiando-se para o dorso, prolongando-se por horas sem alívio com o vômito. Os achados abdominais variam de acordo com a gravidade. A sensibilidade pode ser mínima ou intensa com a descompressão brusca. Geralmente os sons abdomais estão diminuídos ou ausentes, devido a um íleo intestinal. Pode havar icterícia em casos de pancreatite que não seja por cálculos biliares, através da compressão do ducto biliar comum pelo pâncreas edematoso. Em casos graves ocorre taquipneia, taquicardia e hipertermia. A febre geralmente não passa de 38,5ºC. Os sinais de Cullen e Gray Turner são vistos em casos graves de pancreatite.

    O diagnóstico de pancreatite aguda baseia-se nos achados clínicos, sendo apoiado pelos exames laboratoriais, amilase e lipase séricas. Muitos dos pacientes com pancreatite aguda apresentam hiperamilasemia. O nível sérico eleva-se de duas a doze horas após o ataque e declina-se lentamente aos seus valores normais ao longo dos próximos três a cinco dias. Ela não tem valor prognóstico e não é específica para pancreatite aguda, entretanto quanto maiores os níveis, mais tenderá a ser esta doença. A atividade sanguínea da amilase é composta de isoenzimas derivadas do pâncreas e das glândulas salivares, sendo a isoamilase pancreática responsável por cerca de 40% da atividade sérica total da amilase, é esta que aumenta substancialmente na pancreatite aguda.

    Já a lipase eleva-se paralelamente a amilase e permanece elevada durante mais tempo, podendo ajudar no diagnóstico de pancreatite depois que o ataque passou.

 

*Falta a parte do Tratamento